Porque a seriedade da vida nos corrompe e envelhece, tiramos a roupa suja e velha, e vestimos uma nova, com vaidade. Fazer teatro não é só fingir, é sobretudo sentir. Sentir, sofrer e ser feliz. É sentir que “olhos nos vêm”, o que sentem as pessoas, as de fora, as reais, as obscuras, com a vida da nossa personagem. As personagens são as paredes de uma casa vazia por dentro, têm aparência, têm presença, têm cheiro, têm tacto. Sobretudo têm o presente, mas não têm nem passado nem futuro. São, mas nunca foram nem serão. Para mim, personagem por dentro e por fora, mesmo na realidade da vida, o segredo, no teatro e na escrita é precisamente esse, Ser presente, nada dever ao passado e nada temer ao futuro. É isso que liberta, é isso que consume, é isso que apaixona.
Vitor Nunes
Vitor Nunes
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